Curtas & Finas (Yeah Samaké)
Mitt Romney primeiro precisa vencer as primárias republicanas e depois derrotar o democrata Barack Obama em novembro para se converter no primeiro mórmon na presidência americana. Muitos obstáculos pela frente. E na corrida dos mórmons, Romney provavelmente perderá para Yeah Samaké. Ele caminha para vencer as eleições presidenciais de abril no Mali -o desolado e miserável país na África Ocidental- e assim se tornar o primeiro chefe de estado mórmon no mundo.
Como Romney, Samaké tem uma família bonita e experiência, tanto na vida privada, como pública. Ele é prefeito de Ouéléssébougou uma cidade com 35 mil habitantes e sua campanha de anticorrupção é considerada um modelo. Samaké está em uma condição inusitada. Ele é mórmon num país cuja população é 90% muçulmana e segue uma religião que até recentemente considerava os negros espiritualmente inferiores. Como explicar esta jornada improvável?
Nos anos 80, Samaké entrou em contato com uma organização de Utah (o estado dos mórmons nos EUA) que fez parceria com empreendedores em Mali para melhorar as perspectivas de saúde, educação e da economia no país. A ética de trabalho e a devoção comunitária de Samaké impressionaram um casal mórmon, que patrocinou a ida dele para os EUA. Samaké se converteu em Nova York no ano 2000 e depois foi estudar na Brigham Young University, em Salt Lake City (Utah). Lá, Samaké obteve um mestrado em administração pública, apaixonou-se por uma estudante da Índia, que também se converteu ao mormonismo. Em 2004, ele criou uma fundação dedicada a construir escolas e treinar professores no Mali.
Os frutos do trabalho de Samaké comprovam os esforços da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmon) para realizar trabalho missionário e humanitário na África, um continente que ela basicamente passava ao largo até os anos 70. Romney, por exemplo, fez trabalho missionário na França no final da década de 60. Samaké garante que temas como corrupção, pobreza e segurança são mais importantes para os eleitores de Mali do que sua identidade mórmon. Aliás, a população pouco sabe sobre a religião e em geral se refere a Samaké como um “cristão”.
Eu não vou a meter a entendedor da vida em Mali, mas será que os habitantes daquele remoto país africano estão mais maduros para aceitar um presidente mórmon do que tantos eleitores americanos?
0 Comentários:
Postar um comentário